04 de agosto de 2021 | Leitura: 4min
Entenda sobre a pós-pandemia neste artigo!
A pandemia ainda não acabou, mas a disponibilidade de vacinas no mundo todo tende a reduzir seus efeitos e a abrir novas possibilidades para nosso já tão sofrido planeta. É um momento para olharmos para frente, buscando enxergar o que nos espera nos meses e anos vindouros.
Vários profissionais de renome têm se lançado à árdua tarefa de tentar identificar que rumos tomarão os negócios do planeta, sempre levando em conta aquela máxima de que “previsões de negócio existem para fazer a Astrologia ficar bem na fita”, isto é: esse tipo de previsão tem chances reais de não se concretizar. Ainda assim, esse exercício de futurologia traz um subproduto importante: a identificação de tendências globais, que se não dizem como as coisas vão ser, apontam caminhos importantes.
Algumas dessas tendências pós-pandemia serão bem úteis na tomada de decisões de negócio no ano à nossa frente (pelo menos). Vejamos algumas delas:
Ruy Flávio de Oliveira – Sócio da 3GEN
O escritório é o mundo
O conceito de home-office, acelerado na pandemia, permite que se estenda a definição de escritório. Muitos profissionais, depois de constatarem que a produtividade não sofre com o home-office — e, pelo contrário, tem potencial de aumentar —, começam a se questionar o que os impede de continuarem suas carreiras nas empresas em que trabalham a partir de suas casas, e por que essas casas não podem ser em outras cidades ou mesmo em outros países.
Mais e mais profissionais estão olhando para “cidades dos sonhos” e ativamente planejando tornar realidade esses sonhos, se realocando sem mudar de empresa, sem alterar sua rotina profissional, sem perdas (e com ganhos) para a produtividade
Educação continuada
O acesso facilitado a conhecimento (cursos, tutoriais, materiais diversos), aliado a um cenário empresarial em transformação — acelerada por conta da pandemia — geram o acirramento de uma tendência que já vinha se desenhando há algum tempo: o aprendizado e o aprimoramento profissional contínuos como necessidade profissional.
Microcertificações estão em alta, assim como cursos de extensão em áreas recentes, como inovação, ciência de dados, IA, Realidade Aumentada/Realidade Virtual, Blockchain, experiência do usuário, competências socioemocionais, entre outros.
80 é o novo 50
O conceito de “terceira idade” está mudando, e rápido. Mudanças sociais e culturais, aliadas aos avanços da medicina e da preocupação do indivíduo com sua própria saúde, estão estendendo a possibilidade (e a necessidade) de continuarmos produtivos bem depois dos 50, dos 60 e mesmo dos 70 anos de idade. Essa tendência, aliada à tendência da fluidez dos escritórios e pela transformação dos conceitos de “profissão” e “trabalho” fazem com que o grupo anteriormente conhecido como “terceira idade” continue ativo.
Já há programas para aproveitar esse potencial, como por exemplo os cursos universitários para a terceira idade recentemente criados pela USP, UNICAMP, UERJ, Universidade de Manaus, Universidade Federal do Tocantins, PUCRS e várias outras. Se antigamente o indivíduo que chegava aos 50 já tinha “dado o que tinha que dar” e tinha que começar a pensar na aposentadoria, hoje a expectativa é que esse indivíduo tenha mais 3 décadas de produtividade pela frente.
As gigantes da tecnologia invadem os serviços de saúde
O professor Scott Galloway, autor dos livros “Os Quatro – Apple, Amazon, Facebook e Google. O Segredo dos Gigantes da Tecnologia” e “Pós-Corona – Da Crise à Oportunidade”, (que aliás temos até uma resenha sobre o Pós-Corona – Da Crise à Oportunidade, clique aqui!) tem previsto que os algoritmos de diagnóstico, aliados à tremenda capacidade logística e aos gigantescos cofres de gigantes como a Amazon, o Google, o Facebook, a Appe e a Microsoft, vão impulsionar essas empresas a oferecerem serviços de saúde.
No campo econômico/financeiro estão mais que capacitados a oferecerem o equivalente digital de planos médicos; no campo tecnológico, já são capazes de coletar dados de saúde, manter registros de histórico médico, de exames, de medicamentos, e têm a capacidade logística (a Amazon, em especial) de fazer com que medicamentos e equipamentos cheguem rapidamente às mãos dos pacientes.
Alguns novos players como a SteadyMD, a Amwell, a Hims e várias outras já oferecem serviços de consulta on-line, integrando esses serviços com serviços complementares de exames e entrega de medicamentos. A previsão é de que as gigantes vão comprar alguns desses novos players e iniciar uma corrida pela hegemonia do “digital healthcare”.
Os grandes crescendo ainda mais, e os pequenos se virando como dá
O Kevin Sneader, líder global da McKinsey, aponta que as 20% empresas maiores e mais ricas do planeta adicionaram 240 bilhões de dólares em lucros aos seus portfólios, enquanto as 20% menores perderam 400 bilhões de dólares nesse mesmo período (do início de 2020 até junho de 2021).
Essa tendência foi corroborada recentemente no nosso podcast pelo Piere Schrappe, gerente geral da Cotton On aqui no Brasil, que está vendo esse movimento nas marcas de vestuário, por exemplo, que é onde ele trafega. Não é uma movimentação de nicho, e nem local. A expectativa é que essa tendência se mantenha agora que estamos começando a sair da pandemia.
A crise climática como geradora de bilionários
A jornalista Kara Swisher vem trombeteando isso faz alguns meses:
“o primeiro trilionário do planeta vai ser um empresário que endereçará a crise climática”.
Semana passada atingiu-se a infernal temperatura de 46,67°C em Portland, no estado do Oregon, e quem conhece essa região entende o tamanho do absurdo que esse fato representa. A crise climática é uma ameaça global, e os países estão sendo obrigados a enxergar isso com cada vez mais clareza. O fato de o democrata Joe Biden ter sido eleito — e com parceiros na comunidade europeia — tende a acelerar a busca por soluções para o aquecimento global.
Institutos de pesquisa no mundo todo, bem como empresas estabelecidas e startups, já estão ávidas em busca de soluções, com vistas a lucros enormes para quem trouxer mecanismos, serviços e produtos consistentes nessa área. Como resultado prático já podemos ver a ascensão dos veículos movidos a eletricidade, os direcionamentos governamentais para reduzir (ou mesmo eliminar) as frotas de veículos a combustão interna e mesmo o surgimento de mercados de micromobilidade (mesmo levando em conta a falha monumental das empresas de patinetes e afins). O mercado (e, consequentemente, a oferta) de bicicletas e motocicletas elétricas vêm aumentando, e muitas cidades estão cada vez mais preparadas para mobilidade alternativa.
Obviamente que uma empresa não se pautará por todas essas tendências (ou mesmo por alguma delas), mas é bem interessante observar o esboço de futuro que elas nos traçam. Mais mobilidade, mais conhecimento, mais tempo de produtividade e mais cuidado com o planeta parecem ser boas direções para conduzirmos o mundo em que vivemos e que deixaremos para nossos descendentes. A ver.
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