21 de setembro de 2022 | Leitura: 6min
Em teoria o Planejamento Estratégico deveria ser o alicerce sobre o qual se constrói o futuro da organização, seja ela uma empresa, uma fundação, um órgão público ou qualquer outro tipo de instituição profissional. Contudo, não é difícil observar que não é sempre assim.
Ruy Flávio de Oliveira – Sócio da 3GEN
E qual a razão? Às vezes é porque depois de pronto o planejamento estratégico, ele é relegado ao fundo de alguma gaveta enquanto a gente se entrega ao ingrato esporte de apagar incêndio um atrás do outro. Outras vezes é porque o mundo puxa o freio de mão por conta de uma pandemia e todos os planos são interrompidos na marra. Outras, ainda, é porque nossa impressão é de que tudo muda tão rápido que o plano de ontem é inútil hoje. Ou seja: o que não faltam são razões para que o Planejamento Estratégico não viva para ver o futuro que ele mesmo projeta.
Mas talvez a gente possa pensar diferente. Será que o motivo não é um tantinho diferente? Será que o Planejamento Estratégico chega em 2022 com tudo o que é necessário para impulsionar as mudanças e inovações que levarão sua organização ao sucesso? Taí uma possibilidade que merece uma pequena avaliação.
A pergunta aqui é: em que direção devemos mover o Planejamento Estratégico para que ele possa servir aos propósitos para os quais foi criado? Algumas tendências e necessidades mais do que fundamentais nos dias de hoje talvez possam nos ajudar a manter o Planejamento Estratégico como o alicerce que ele se dispõe a ser. Vejamos algumas dessas tendências.
Os três melhores amigos do Planejamento Estratégico: execução, execução e execução
Há alguns anos, um aluno perguntou ao autor britânico Neil Gaiman em um curso de escrita criativa algo na linha de: “Professor, o senhor consegue, olhando para nós e para nossas produções literárias, dizer quais de nós seremos autores bem-sucedidos?”
Gaiman respondeu: “Com base no que produziram, não. Mas posso dizer, sim, quem entre vocês serão autores reconhecidos e bem-sucedidos: aqueles que, entra dia sai dia, não pararem de escrever.”
É muito bom quando a gente tem uma boa ideia, seja lá em que campo for, mas o fato é que ideias custam 10 centavos a dúzia, isto é, sozinhas não significam muita coisa. O que dá poder a uma ideia é sua execução. Para o autor literário, é “bater a bunda na cadeira e os dedos no teclado” até que a ideia se concretize nas páginas de um livro. Para o Planejamento Estratégico é colocar em prática o que está no papel.
É só colocando em prática que a gente vai saber se funciona, se precisa de ajustes, se pode ser melhorado ainda mais, e por aí vai. Em suma: o pior lugar para um Planejamento Estratégico é no fundo de uma gaveta. Ele deve ser posto em ação, trabalhado a cada dia, ajustado na medida da necessidade e seguido por todos na organização.
Parece piada ter que escrever isso em 2022, mas é a realidade: o Planejamento Estratégico sem execução não serve para absolutamente nada.
O “novo normal” veio para ficar
Em termos práticos, saímos da pandemia (não que o problema sanitário tenha terminado, ou que não morra mais ninguém por conta da COVID-19). A atividade econômica voltou a níveis pré-pandemia, as infecções e mortes já não merecem mais cobertura da mídia, e todos nós estamos mais do que aliviados de termos virado a página.
Contudo, o mundo não é mais o mesmo de 2019. Nem de longe, aliás. Muita coisa mudou, e mesmo que algumas deles comecem a voltar para mais próximo do que eram antes, raras são as que vão voltar ao ponto de partida, e muitas deles vão continuar no caminho da mudança. É o txal do “novo normal”.
Exemplo desse “novo normal” é o fato de que muita gente não está mais no escritório 5 dias por semana. A praxe é de dois, três dias no máximo, no escritório e o restante do tempo em “home office”. Além desse ponto, o Gartner Group já enxerga várias mudanças que devem se intensificar, mesmo que o pior da pandemia já tenha ficado para trás:
- Escassez de pessoal qualificado;
- Aumento da rotatividade de recursos humanos;
- Bem-estar passa a ser métrica fundamental na empresa;
- Expectativa de tempos cada vez menores de entrega (tanto de produtos quanto de serviços).
O Planejamento Estratégico, para se manter relevante, deve levar em conta essas mudanças e essa nova realidade.
A adoção de um ambiente em que todos podem trabalhar a partir de qualquer lugar — tanto quanto possível, claro — é parte fundamental da estratégia, bem como a adaptação da organização a essa realidade de maior rotatividade dos recursos humanos e de escassez de talentos.
Não custa lembrar que Darwin continua tendo razão: não serão sobreviventes necessariamente os maiores, os mais fortes ou os mais rápidos, mas sim os que melhor conseguirem se adaptar às condições que o meio oferece.
Inteligência Emocional é ponto fundamental para o Planejamento Estratégico
Lembra quando um colaborador potencial era considerado por suas capacidades organizacionais e analíticas? Pois é, a essa dupla agora temos que adicionar sua inteligência emocional, cada vez mais fundamental para a eficiência de organizações que visam o sucesso. A capacidade de continuar mediante o estresse e a frustração, o foco no resultado, a perseverança são itens que hoje não podem faltar, e com os quais a organização deve contar na hora de criar seu Planejamento Estratégico.
E mais: a capacidade de se relacionar mediante diferenças de opinião, a capacidade de convencer e mesmo de unir indivíduos e times onde a diversidade é cada vez mais presente, são elementos indispensáveis à organização. Eles certamente facilitam o sucesso das ações sendo planejadas, e quem não levar isso em consideração está perdendo uma oportunidade de ouro de facilitar a própria vida.
A análise de dados é a ferramenta da vez
Estratégia também se constrói sobre os dados que temos à mão. Até porque dados são evidências, são reais, não são hipóteses. Você vendeu uma quantidade que é um dado; as vendas ocorreram em momentos específicos, que são dados; vários de seus clientes retornam e outros não, e essas quantidades (e quem são) são dados. E por aí vai.
Toda organização gera dados, e gera muitos deles. Analisar dados, portanto, não é buscar elementos novos, mas sim extrair valor daquilo que você tem à mão.
Claro que a análise depende de ferramentas efetivas e acessíveis, o que cada vez mais é realidade. É necessário, também, ter à mão (na folha de pagamento) pessoal capacitado a massagear os dados disponíveis, para os transformar em informações úteis e conhecimento indispensável à sua estratégia.
Tudo isso é possível, e você pode ter certeza: os melhores Planejamentos Estratégicos feitos hoje, com melhores possibilidades de alavancar o sucesso da organização, são alicerçados sobre uma análise de dados de primeira qualidade.
Conclusão (por enquanto)
Os elementos apresentados acima nem de longe são os únicos a transformar (para melhor) o cenário do Planejamento Estratégico hoje e nos anos à frente. São, contudo, um bom ponto de partida para que o PE de sua organização seja mais efetivo e mais sintonizado com a realidade que vivemos.
Uma coisa não muda, é bom lembrar, e não muda faz pelo menos uns dois mil anos, desde que Sêneca observou lá na Roma antiga: se você não sabe para que porto está velejando, nenhum vento é favorável. Ou seja: se você não planeja a direção em que quer levar sua organização, nada vai te ajudar a chegar lá. Por mais que os incêndios à nossa volta continuem acontecendo, planejar o que queremos para nosso futuro — com base na realidade e usando as ferramentas relevantes na atualidade — é absolutamente fundamental.
Se a sua organização ainda não tem planejamento estratégico, comece esse exercício o mais breve possível. Caso tenha interesse, faça um autodiagnóstico sobre gestão integrada da estratégia desenvolvido pela 3GEN clicando aqui!
Ao final das respostas, você receberá um relatório com o nível de maturidade da sua organização em relação a gestão integrada da estratégia. Também algumas sugestões de próximos passos para avançar e melhoras a maturidade atual.
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